Conflitos pessoais

Crise de meia-idade afeta homens e mulheres na idade mais produtiva

MARÍLIA BANHOLZER
MARÍLIA BANHOLZER
Publicado em 08/07/2015 às 20:42
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Conflitos emocionais geram reflexos negativos na vida profissional de pessoas economicamente ativas / Foto: FreeImages

Conflitos emocionais geram reflexos negativos na vida profissional de pessoas economicamente ativas Foto: FreeImages

Insatisfeito com o rumo da sua vida, mesmo que ela pareça ótima aos olhos dos outros? Cuidado. Pode ser a crise de meia-idade, termo criado em 1965, por Elliot Jaques, um médico canadense. Isso significa que ao chegar aos 30 anos, homens e mulheres podem se sentir deprimidos, questionando decisões tomadas, amores, conquistas, e ainda passam a ter “medo” do futuro. Esse quadro tem reflexos na vida social e pessoal dos indivíduos.

Homens e mulheres sofrem com os efeitos da crise de meia-idade

Homens e mulheres sofrem com os efeitos da crise de meia-idadeFoto: FreeImages

Preocupada com os próprios medos e conflitos, a atriz e psicóloga Mariangela Valença acreditou estar envolta nos desafios da crise de meia-idade quando teve a ideia de criar uma peça teatral para abordar o tema de modo informativo. Batizada de “Somente o que muda permanece verdadeiro”, o monólogo foi criado em 2012, quando sua idealizadora tinha 39 anos. Escrito pelo psiquiatra e dramaturgo recifense Marcos Creder e dirigido por Ceronha Pontes, o espetáculo já foi apresentado na Academia Pernambucana de Letras, na União Brasileira de Escritores, no Recife, e no Centro de Reabilitação e Educação Especial.

“Desde que foi idealizado e escrito o texto da peça já mudou diversas vezes. Ele está vivo e vai continuar mudando. Isso porque ao final de cada espetáculo nós fazemos um debate onde ouvimos histórias e depoimentos de muitas pessoas que ficam encantadas. Elas dizem que a peça foi importante para falar sobre um tema que não conheciam o significado e que agora vão olhar a vida de uma maneira diferente”, comentou Mariangela Valença.



Esses problemas também estão muito ligados ao ambiente de trabalho porque no Brasil, especialmente, o mercado valoriza pessoas mais jovensMarcos Creder, psiquiatra e dramaturgo
Esses conflitos, segundo o psiquiatra Marcos Creder, geram queda no rendimento das pessoas que estão em plena vida produtiva, com sinais de ansiedade, sentimento de desamparo, chegando até a adoecer fisicamente, o que aumenta o absenteísmo nas empresas. Estima-se que 20 a 30% da população mundial apresente algum tipo de transtorno psíquico nessa fase da vida. Desse total, em média 15%, acaba tendo seu desempenho no ambiente de trabalho prejudicado.

“Escrever sobre crise de meia idade é algo que eu nunca tinha pensando. Terminei me envolvendo. São problemas que afetam pessoas que estão muitas vezes no auge da vida profissional, sem tempo de pensar em nada. Esses problemas também estão muito ligados ao ambiente de trabalho porque no Brasil, especialmente, o mercado valoriza pessoas mais jovens e pessoas mais maduras são vistas como menos produtivas”, ponderou o psiquiatra.

Embora tenha início entre os balzaquianos, a crise de meia idade pode apresentar seus sintomas em pessoas com idades até os 60 anos. Por isso, a psicóloga e atriz Mariângela Valença alerta que é preciso estar atento ao que pode ser apenas uma mudança comportamental - como uma guinada na vida, ou sinais de que uma pessoa está entrando num caminho que pode levá-la à depressão.

- SINAIS FREQUENTES NA CRISE DE MEIA-IDADE:

Tédio com o trabalho, pessoas e coisas que antes gostava
Nostalgia, saudade dos "velhos tempos"
Desejo de voltar no tempo e cumprir metas não alcançadas
Culpa pelos fracassos pessoais ou questionamento das escolhas feitas
Desejo de solidão ou de restringir o número de pessoas ao redor de si
Tentativa de parecer mais jovem – obsessão com a aparência
Mudança no comportamento sexual – maior ou menor interesse
Sensação de não amar mais o cônjuge
Desejo de aventura, de largar tudo e viver o que nunca viveu antes 
Compulsão por alimentos, álcool ou drogas
Incerteza sobre o rumo da vida ou o que deseja
Descontrole com dinheiro
Sentir-se "amarrado" ao relacionamento
Tentativa de parecer poderoso através da aquisição de bens caros
Busca por itens que os jovens costumam adquirir (piercings, roupas, tatuagens)
Depressão

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