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Culinária e o sagrado em seminário sobre comida de matriz africana

Por Eduardo Gazal
Por Eduardo Gazal
Publicado em 26/09/2018 às 13:38
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Seminário Comida Patrimonial de Matriz Africana - o Caso do Xangô Pernambucano foi realizado no Museu da Cidade do Recife / Foto: Eduardo Gazal

Seminário Comida Patrimonial de Matriz Africana - o Caso do Xangô Pernambucano foi realizado no Museu da Cidade do Recife Foto: Eduardo Gazal

A gastronomia como ligação com o sagrado. A culinária misturada à religião e à história. Esses foram os principais fundamentos do Seminário Comida Patrimonial de Matriz Africana - o Caso do Xangô Pernambucano, realizado, este mês, no Museu da Cidade do Recife, e acompanhado pela Web Gourmet.

É crescente o interesse nos diferentes setores da sociedade pelos sistemas alimentares, tanto nos seus contextos gastronômicos quanto nos culturais"Raul Lody, pesquisador e antropólogo da alimentação

Foi uma oportunidade de conhecer a comida patrimonial de matriz africana e suas relações com nossa cultura, religião e culinária. O evento, inclusive, atraiu uma plateia, bastante eclética e atenta. Foram quatro mesas temáticas, que trataram dos tópicos:

- Comida, identidade e direitos culturais nas tradições de matriz africana
- Acervos Culinários: Um olhar da gastronomia sobre as comidas de terreiro
- Panela de Iemanjá: Festa, tradição e comida
- Axé: Os rituais de alimentação

Foto: Eduardo Gazal

Foto: Eduardo Gazal

O pesquisador e antropólogo da alimentação Raul Lody, coordenador do seminário, destacou o patrimônio alimentar que as matrizes africanas representam para Pernambuco:

"É crescente o interesse nos diferentes setores da sociedade pelos sistemas alimentares, tanto nos seus contextos gastronômicos quanto nos culturais. No caso brasileiro, as matrizes africanas formam verdadeiros patrimônios alimentares, que são encontrados no nosso cotidiano, estão nas casas, nas feiras, nos mercados; nas festas tradicionais e populares e, em especial, nos espaços das comunidades de terreiro. Destaque para o caso do Xangô, um lugar de memória, de história, de salvaguarda do patrimônio cultural e social, e que integra a identidade de Pernambuco".

Axé: Os rituais de alimentação foi o tema de uma das mesas

Axé: Os rituais de alimentação foi o tema de uma das mesasFoto: Eduardo Gazal

Acompanhe um webvídeo realizado com Felipe Cabral, da Aurora 21, produtora do encontro. Ele conta sobre a concepção do seminário e outros eventos relacionados ao tema, convida todos para próximos encontros e analisa a importância do estudo e difusão das práticas alimentares de matriz africana.

O professor Elmo Alves Silva, da UNIFACS/BA, um dos palestrantes, falou sobre a relação entre comida, história e sociedade, as matrizes africanas e os sistemas alimentares. No webvídeo abaixo ele dá detalhes da apresentação.

Saiba Mais:

Patrimônio Cultural de Pernambuco

Segundo informações coletas no site do Museu da Cidade do Recife, o "Xangô Pernambucano" é uma religião de matriz africana, que também homenageia o orixá Xangô, Alafin de Oyó, Nigéria, África Ocidental. No Recife, o terreiro Obá Ogunté, popularmente conhecido como “Sítio de Pai Adão”, pela sua importância histórica, social e cultural, foi o primeiro terreiro a ser tombado no Brasil por um governo estadual, que o reconheceu como Patrimônio Cultural de Pernambuco pelo Decreto 10.712/1985.

Participaram das mesas temáticas:

Paulo Filizola, Vera Regina Paula Baroni, Ivo de Oxum, Claudemir Barros e Brivaldo de Xangô. No período da tarde o evento prosseguiu com as falas do Babalorixá Manoel Papai, Nevinha de Sagba, Maria do Carmo de Oliveira (Cacau da Xambá) e Elza de Iemanjá.

 

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